“Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto abrange mais que um momento de atenção, zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo com o outro”. (Leonardo Boff)
O sofrimento psíquico inerente ao trabalho no âmbito hospitalar é comum a todos. A doença desafia o senso de controle. A família e os profissionais enfrentam a incerteza associada com o aparecimento e resultado da doença.Quem está em contato íntimo com o paciente e sua família no cotidiano sofre as pressões e tensões da assistência no cuidado. Diante das ansiedades que surgem que atitudes tomamos? Como lidamos com o nosso sentimento de impotência frente a prognósticos reservados?
Aos poucos a preocupação com a necessidade de cuidar de quem cuida vem se destacando. A mentalidade de que é preciso cuidar do cuidador é uma ação preventiva. Compreendemos hoje que se ele não estiver se sentindo assistido nas suas necessidades, isto passará a refletir e interferir no atendimento que presta.
O efeito do estresse é muitas vezes subestimado pelo cuidador, podendo chegar ao limite, onde denominamos “Síndrome de Burnout” que é definida por alguns autores como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional. Abaixo citamos alguns dos sinais de Burnout:
- Exaustão, cansaço, sensação de estar fisicamente esgotado.
- Raiva diante de pedidos e demandas.
- Cinismo, negativismo, irritabilidade.
- Idéias persecutórias.
- Ganho ou perda de peso
- Dores de cabeça e sintomas gastro-intestinais freqüentes.
- Insônia.
- Depressão.
- Limiar de tolerância rebaixado em situações cotidianas.
- Falta de ar.
- Sensação de desamparo.
- Pouca atenção diante de situações de risco.
O termo Burnout é uma composição de burn = queima e out = exterior, sugerindo assim que a pessoa com este tipo de estresse consome-se física e emocionalmente.
Esta síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantém uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda. Nos casos mais graves, o sofrimento apresentado por estas pessoas pode levar a uma incapacidade permanente frente ao ato de cuidar, com todas as suas implicações e conseqüências profissionais, econômicas e sociais.
Objetivo
O projeto “Cuidando de Quem Cuida” tem como objetivo disponibilizar para as equipes da assistência ao paciente e sua família em sofrimento um espaço continente de discussão em grupo, favorecendo o compartilhar de vivências relacionadas aos casos atendidos e a expressão de sentimentos destas vivências. Aprimorando a comunicação, o enfrentamento e percepção de necessidades individuais e devidos encaminhamentos.
Metodologia do trabalho
A contratação do projeto é realizada pela instituição interessada e a Casa do Cuidar oferece as palestras e dinâmicas sugeridas ao longo de 6 semanas (para instituições em São Paulo) ou em 2 ou 3 fins de semanas (para instituições fora de São Paulo).
As apresentações de palestras são voltadas para a sensibilização do profissional de saúde frente às situações estressantes vivenciadas dentro e fora do ambiente de trabalho e que possam contribuir direta ou indiretamente sobre as atividades assistenciais. O programa será destinado à Equipe Assistencial de pacientes em Cuidados Paliativos.
Conteúdo sugerido do Programa Cuidando de Quem Cuida
Modulo I
As apresentações de palestras são alternadas com as reuniões de grupos menores, havendo então atividade a cada duas semanas, com duração total de seis meses.
Palestras abertas
Público alvo: equipe assistencial
Temas:
- Sofrimento e Trabalho
- Ócio criativo e lazer produtivo
- Workshop – Como a Arte pode ajudar na Arte de Curar
- Por que eu faço o que eu faço?
- O que é uma vida bem sucedida afinal?
- Workshop – Trabalho em equipe
Reuniões mensais abertas
Para grupos de até 10 profissionais de saúde, supervisionado por psicólogo
Temas de discussão:
- apresentação da proposta do grupo
- experiência profissional (background)
- o ambiente hospitalar (o imprevisível)
- relação profissional e paciente (vínculo)
- doenças crônicas
- prognósticos reservados
- iminência da morte
- a morte no contesto hospitalar
Módulo II (opcional)
As apresentações de palestras são alternadas com as reuniões de grupos menores, havendo então atividade a cada duas semanas, com duração total de 6 meses.
Palestras mensais abertas
Público alvo: equipe assistencial
Temas:
- Comunicação entre os profissionais de saúde
- Apresentação de cinema e discussão
- Nutrir o corpo e nutrir a alma
- Perdas no trabalho – o luto do profissional de saúde
- Apresentação de teatro e discussão
- Saúde mental e qualidade de vida
Reuniões mensais abertas
Para grupos de até 7 profissionais de saúde, supervisionado por psicólogo
Temas de discussão:
- Estresse e resiliência – dinâmica o mundo em suas costas
- Recrutamento de qualidades intrínsecas na superação de dificuldades – dinâmica do giz
- Dinâmica de grupo – O senhor do destino
- Dinâmica de grupo – mandalas
- Sessão de Musicoterapia
- Dinâmica de grupo – a semente